O prefeito de Presidente Prudente, Milton Carlos de Mello – Tupã, em ato realizado no fim da tarde desta segunda-feira (20/10), assinou a Lei Nº 11.764/2025, que dispõe sobre a denominação de ‘Tuffi Athia’ ao Cemitério Campal.
No ato, estiveram presentes três, dos quatro, netos de Tuffi, que são membros do Conselho Administrativo do Grupo: Oswaldo Athia, Christiane Athia e Denilton Athia, além da bisneta do fundador, Dominique Athia, e do diretor executivo, Gilmar Palenske.
Conforme o documento, publicado em Edição Extra do Diário, a alteração foi incluída na Lei nº 5.001/1997 e, a partir de agora, o local passa a ser denominado como ‘Cemitério Campal Tuffi Athia’.
A neta de Tuffi Athia, Christiane Athia, falou em nome dos familiares. “Meu avô sempre foi muito empreendedor, quem o conheceu, há 60 anos atrás, sabe o quanto ele foi importante para a comunidade, para o desenvolvimento da cidade. Nós estamos muito orgulhosos dessa homenagem”, afirmou.
O prefeito Tupã ressaltou a grandiosidade do Grupo Athia para Prudente, empresa com o CNPJ mais antigo da cidade. “Nós precisamos reconhecer quem sempre acreditou e continua acreditando em Prudente. Seu Tuffi desbravou a cidade. O tempo passou e a família Athia continua enraizada em Prudente, continua acreditando em nossa cidade. Esse ato que nós estamos fazendo aqui, com a aprovação dos vereadores, é um reconhecimento, talvez tivéssemos ainda que fazer muito mais.”
A cerimônia de assinatura contou ainda com a presença do vice-prefeito, José Osanam, dos secretários municipais de Planejamento (Seplan), Laércio Alcântara, de Administração (Secad), Celso Gazolla, de Assuntos Jurídicos (Seajur), Pedro Anderson, e de Meio Ambiente (Semea), Wilson Portella, do chefe de gabinete, Feiz Abbud. Os vereadores Cesar Saito (Babu), Sara Lopes, Edgar Caldeira e Edu da Padaria foram representados por seus assessores.
Sobre o Campal
O Cemitério Campal foi transferido para a municipalidade em 2013, atualmente com 8 mil jazigos. Inaugurado em 2001 pelo Grupo Athia, o local levava o nome de ‘Parque da Paz’.
Tuffi Athia
Nascido em Ladíquia, na Síria, no dia 12 de outubro de 1893, Tuffi Athia deixou sua terra natal com o sonho de empreender e prosperar. Antes de desembarcar no Brasil, Tuffi imigrou para Buenos Aires, Argentina. Junto com seus irmãos, começou a ganhar a vida como alfaiate, em 1908.
Cinco anos depois, estava em Salto Grande, Estado de São Paulo, onde se encontrou com seu irmão Basílio Athia, pai do radialista Hélio Athia. Passou então a sapateiro, durante os seis anos que permaneceu naquela cidade.
Vindo em um trem de lastro, utilizado para transporte dos operários do assentamento dos trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana, com a licença do engenheiro João Carlos Fairbanks, Tuffi desceu na estação de Presidente Prudente, na verdade, uma improvisação, pois a construção não tinha sido terminada, no dia 4 de fevereiro de 1919, quando o município tinha somente dois anos de fundação e ainda se chamava Patrimônio do Veado – batizado por Francisco de Paula Goulart.
Tuffi e Goulart celebraram uma amizade imediata e forte. Aliando isso à competência de Tuffi, Goulart o nomeou primeiro delegado de polícia local. Também foi nomeado como primeiro agente dos Correios.
Seus primeiros amigos na cidade que nascia foram José Soares Marcondes, seu cunhado, Emílio Mori, Francisco Goulart, iniciador da fundação do patrimônio, João Peretti, Francisco Lourenço e João Gomes, os dois últimos interessados em construir um prédio e nele instalar um cinema. Athia os ajudou nisso.
Primeiro delegado de polícia, primeiro agente do correio, primeiro sapateiro, seria também o primeiro a esboçar o plano de construir um campo de futebol em terreno que hoje é ocupado pela Praça Monsenhor Sarrion.
Nesse novo trajeto, Tuffi se tornaria o primeiro de mais uma ação: a de formador do primeiro time de futebol de Presidente Prudente: o Brasil Futebol Clube. Constituída a equipe, ele era o goleiro, um dos melhores do Vale do Paranapanema naquele tempo.
Em 1921, montou uma loja de tecidos em Presidente Prudente. Já em 1923, casou-se com Oswaldina Ferreira Athia, filha de Miguel Moisés Ferreira. No civil, a celebração foi oficializada no Primeiro Cartório, com o Juiz de Paz Antônio de Almeida. No Livro 1, Folha 1, do Registro de Casamento, passaram a constar os nomes de Tuffi Athia e Oswaldina Ferreira Athia.
Na Revolta Paulista de 1924, um ano após o nascimento de sua primeira filha, Haydêe Athia, atuou para impedir o bloqueio da passagem da tropa em direção ao rio Paraná, através da Estrada de Ferro Sorocabana. Ele também se alistou para combater a ditadura de Getúlio Vargas e restabelecer a ordem e a lei em São Paulo e no Brasil.
Com dons de marcenaria e de costura, começou a confeccionar caixões sob medida em uma época de alta taxa de mortalidade infantil e epidemias que assolavam a recém-criada comunidade prudentina.
Em janeiro de 1926, procurou o prefeito Pedro Gomes, interessado na abertura de uma empresa funerária, favorecendo a compra de urnas mortuárias pelas famílias de desaparecidos, que precisavam viajar a São Paulo para comprar um produto superior ao então disponível na cidade. Os argumentos convenceram Gomes e uma licença foi cedida a ele, autorizando a instalação da funerária no mês seguinte e, assim, sendo o pioneiro no segmento do luto na região. Ao mesmo tempo, Felício Tarabay montava a primeira empresa telefônica de Presidente Prudente.
Além de combatente na Revolução Constitucionalista de 1932, Tuffi Athia foi um dos sete membros da comissão instituída para trasladar o corpo do Tenente Nicolau Maffei, morto no Combate de Ribeirópolis, um dos mais violentos daquela guerra civil.
O casal gerou mais dois filhos: Oswaldo e Dílson. O novo segmento exigia muito dele. A escassez de tempo levou-o, em 1932, a fechar a sapataria e a loja de tecidos que vinha administrando paralelamente. Já a Empresa Funerária Athia estabilizou-se e foram abertas filiais na Vila Marcondes, Vila Industrial e Jardim Paulista.
Na década de 1960, Tuffi Athia construiu uma das primeiras casas de velório do país. O espírito empreendedor resultou em uma grande expansão de serviços: clínica, cemitério-parque, hoje, municipalizado, centro de convivência (CCA), serviço social, floricultura, crematório, entre outros.
Tuffi Athia morreu em 21 de outubro de 1984, aos 91 anos. Foi sepultado no Cemitério São João Baptista de Presidente Prudente. Sua morte, causada por uma antiga enfermidade, originou grande consternação na cidade, onde viveu por 65 anos.
(Com colaboração de Rogério Mative)
Fonte: Secretaria de Comunicação