Para comemorar o Dia do Feirante, lembrado em 25 de agosto, a Secretaria Municipal de Comunicação foi às ruas da cidade em busca de famílias que fazem parte da história desse comércio itinerante tão tradicional, para contar um pouco da trajetória de pessoas que percorrem as ruas da capital do Oeste Paulista há mais de 50 anos.

Atualmente gerenciadas pela Secretaria Municipal de Agricultura e Abastecimento (Seagri), Prudente tem 28 feiras ativas, sendo quatro feiras da lua, com 240 feirantes cadastrados. Desse total, 19 são as mais movimentadas, com mais de 15 feirantes cada.

A feira da Avenida Manoel Goulart, a mais antiga da cidade, é patrimônio histórico cultural e imaterial de Prudente, com tombamento decretado em dezembro de 2018, por meio de Projeto de Lei de autoria do vereador William Leite.

Entre os 240 feirantes, algumas histórias vão ao encontro dos primeiros cadastros da administração municipal: com alvará de feirante desde maio de 1976, Miguel Sotero Nozabieli é um dos comerciantes mais antigos do ramo que se tem registro no sistema do setor de tributação da Prefeitura de Prudente, com 49 anos de atuação como feirante de frutas.

Seu Miguel conta que os quase 50 anos de profissão garantiram muitas conquistas à sua família, entre elas, a formação de um de seus filhos como piloto de avião, Júlio Cesar Nozabieli, que atualmente é comandante da Latam, em São Paulo.

Nesses muitos anos trabalhando como feirante, Miguel Nozabieli foi protagonista em momentos importantes na trajetória prudentina das feiras. Seu Miguel carrega consigo as lembras de quando assumiu a presidência da Associação dos Feirantes, por 5 anos, e lembrou alguns momentos marcantes.

“Houve um período de muita preocupação para nós, entre o fim de 1979 e o início de 1980, quando o prefeito da época queria mudar o local da Feira da Avenida Manoel Goulart. Chegamos a ver o projeto do novo espaço, que seria no PUM, mostrado pelo chefe de gabinete. Era até bonito na teoria, mas nós sabíamos que, na prática, não funcionaria”.

Nozabieli comentou que, nesse meio século, uma das grandes conquistas para ele, tanto profissional quanto pessoal, de tanta importância quanto a formação do filho, foi o tombamento da feira livre da Avenida Manoel Goulart.

“As feiras foram os primeiros comércios do mundo. São tradição e nunca vão acabar. Sobre a feira da Manoel Goulart, a gente fez reuniões muito grandes com os feirantes para resolver esse problema. Naquela época, tinha repórter na minha banca todo dia para pegar entrevista. Graças a Deus, a gente resistiu e a feira está lá e hoje não só resiste, como é patrimônio tombado, ninguém tira”.

Com algumas peculiaridades, seu Miguel não percorre todas as feiras da cidade e prefere manter a tradição: vendas somente no dinheiro, nada de cartão nem pix.

O feirante Sebastião Luiz da Costa, de 77 anos, conta que está na ativa desde 1966, ou seja, há 59 anos pelas feiras de Prudente.

“Enquanto Deus me der saúde, eu continuarei trabalhando. Nem penso em parar”. Seu Sebastião veio de Martinópolis ainda adolescente e iniciou o comércio na feira com a venda de calçados. Atualmente, tem sua banca de frutas e legumes.

A filha Sueli Zinezzi da Costa, de 41 anos, acompanha o pai. “Desde pequena, com uns 4 anos, a gente acompanhava meu pai, mas só quando não estávamos na escola. Minha irmã não quis, mas eu segui a vida como feirante, assim como meu pai”.

Nas feiras livres de Presidente Prudente também há gerações de mulheres que tiram seus sustentos por meio do comércio de rua: Dona Brasilina, Deise Navarro e Leila, avó, mãe e filha, três descendentes que viram na atividade a chance de empreender.

Apesar de Brasilina ser a matriarca, a filha Deise foi quem ingressou primeiro pelas feiras da cidade, feirante que também tem aproximadamente 50 anos de profissão. Hoje, ela tem sua banca de ovos e a filha, Leila, trabalha com a avó, na banca de produtos variados.

Feira do Vale do Sol

Na Feira do Vale do Sol, que acontece no fim da tarde de sexta, conhecemos a história da feirante Tatiane Miaki Dantas, proprietária da Banca do Tiuzinho, que está no ramo há 19 anos. O ‘Tiuzinho’ é Anderson Dantas, marido de Tatiane, ambos são filhos de feirantes que seguiram a profissão dos pais. Tatiane, além de filha, também é neta de feirante.

“Vinha para a feira com meus pais ainda bebê, dormia nos caixotes das frutas. Hoje, são nossos dois filhos que trabalham com a gente, são responsáveis pela seleção dos produtos e empacotamento”, comentou Tatiane.

O casal Gilberto e Celina são moradores do bairro Terras de Imoplan, em Prudente. Estão no ramo há menos tempo que a maioria dos demais, porém, tem um diferencial: comercializam somente o que produzem: paçoca caseira sem açúcar, colorau, jaca, limão, feijão-de-corda, entre outros vários itens.

Pelos bairros de Prudente há 31 anos, Marli e Carlos vieram de Venceslau, onde os pais dos dois também ganhavam a vida como feirantes. Pais de três filhos, o casal conta que, por muitas vezes, levaram os filhos para o comércio de rua para poderem trabalhar, principalmente as gêmeas Ana Beatriz e Maria Izabel, que também dormiam nos caixotes de frutas. Atualmente, as meninas, de 20 anos, estão na universidade e cursam estética.

O município de Presidente Prudente parabeniza todos os 240 feirantes que mantém viva a tradição deste tipo de comércio e agradece pelo importante trabalho.

 Cronograma

As 19 principais feiras de Prudente estão divididas em diferentes dias, horários e bairros da cidade. Confira o cronograma e escolha a melhor opção para uma visita a esse tradicional comércio de rua:

Segunda

17h às 21h: Jardim Bongiovani

Terça

6h às 12h:Vila Industrial

18h às 21h: Alto da Boa Vista (Damha)

17h às 22h: Servantes

Quarta

 6h às 12h: Jardim Paulista

17h às 21h: Central Park

17h às 22h: Jardim Leonor

17h às 22h: São Matheus

Quinta

6h às 12h: Cohab

17h às 21h: Praça do Bacarin

17h às 22h: Ana Jacinta

17h às 22h: Parque dos Girassóis

Sexta

6h às 12h: Rua General Osório

17h às 22h: Jardim Vale do Sol

17h às 22h: Novo Bongiovani

17h às 22h: Vida Nova Pacaembu

Sábado

6h às 12h: Rua Coronel Mandu

17h às 22h: Avenida Manoel Goulart

Domingo

6h às 12h: Avenida Manoel Goulart

Fonte: Secretaria de Comunicação