“Louvores a Marcondes e a Goulart, que aqui vieram para desbravar...”. O início da letra do Hino de Presidente Prudente revela dois nomes que para enterdemos ao certo suas histórias precisamos ‘mergulhar’ no passado. Histórias, aliás, hoje preservadas nas páginas de livros, mas mais do que isso guardadas na memória de prudentinos que cultuam os fatos como ninguém. Sabendo disso e com a pretensão de fugir do óbvio e dos registros evidentes que todos têm acesso, a Secretaria Municipal de Comunicação foi além. Optou pelo desafio de entrevistar na tarde desta quinta-feira (09/09) o neto de Coronel José Soares Marcondes, um dos fundadores do município, o aposentado Lauro Flávio Marcondes Brizola de Oliveira, 78 anos. Filho de Amália Marcondes de Oliveira (uma dos sete filhos do coronel) e do Coronel Miguel Brizola de Oliveira, ele relembra a contribuição do avô lá no início para o pleno desenvolvimento da cidade.
A reportagem integra a série alusiva aos 93 anos de Prudente (comemorados no próximo dia 14), onde fatos marcantes e entrevistas com personalidades são disponibilizados pela Prefeitura em seu site (www.presidenteprudente.sp.gov.br). No início da entrevista seu Lauro aparenta ser um ser bastante atencioso, tanto para o receptor da mensagem (no caso o jornalista autor desta matéria), quanto para os detalhes da história. Afinal, como ele mesmo diz, a ordem é “rememorar e revirar a história da forma mais fidedigna possível”.
O neto de Coronel Marcondes conta que o avô nasceu no Vale do Paraíba, em São Paulo, e chegou a Presidente Prudente na metade do século XIX. As terras onde existem hoje arranha-céus, casas, comércio, templos, igrejas e escolas, recorda ele, até então eram ocupadas por caiuás, xavantes e caingangs, índios da nação guarani. “Onde existe urbanização hoje era tudo mata fechada. Os registros nos livros de história informam que o município foi fundado em 14 de setembro [de 1917] pelo Goulart [Coronel Francisco de Paula], mas tenho comigo que foi fundada pelo meu avô. Foi ele quem contribuiu para o início da Vila Marcondes, bairro mais antigo da cidade. Quem trouxe para cá povos estrangeiros, principalmente italianos, para cultivarem culturas como a batata, algodão e principalmente o café. Quem trouxe e manteve as riquezas para Prudente”, declara.
Na época, emenda o neto de Marcondes, clarões iam se abrindo nas matas. É que enquanto Goulart colonizava a área localizada à esquerda da estrada de ferro (no sentido de quem vem de São Paulo), seu avô Marcondes, dono da Companhia Marcondes, cuidava da colonização da área à direita da mesma estrada. Logo, Coronel Marcondes adquiriu 4.700 alqueires de terras, dividindo-os em lotes e instalando os primeiros patrimônios da região. “Ele contribuiu para a colonização das famílias que vieram para cá. A região onde hoje é a Vila Marcondes e o distrito de Montalvão foi ele quem colonizou assim como Presidente Bernardes e o lado do norte do Paraná”, destaca.
Assim, acredita ele, “ambos tornaram-se responsáveis pelo desenvolvimento da região e pelo crescimento da cidade”, que na década de 1920 teve a cultura cafeeira considerada a atividade econômica mais importante exercida por proprietários de terras, empreiteiras e colonos. “Meu avô comprava essas produções e as comercializavam para São Paulo [capital], Rio de Janeiro e litoral santista. A produção era exportada por meio da Estrada de Ferro Sorocabana. Foi a partir daí que Prudente se desenvolveu e se consolidou como cidade”, argumenta. “Muitos não sabem, mas na época em que Júlio Prestes foi eleito para ocupar o cargo de presidente, ele chamou o meu avô para ser ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Mas infelizmente ele não chegou a ocupar o posto porque Júlio Prestes, até então governador de São Paulo, não consegui tomar posse devido o Golpe de 1930, que depôs o presidente da república Washington Luiz, impedindo sua posse e colocando fim à República Velha”, revela.
Questionado se acredita que o município tem o que comemorar em seus 93 anos, ele garantiu que sim. “Ao longo dos anos, graças a sua privilegiada localização geográfica, Prudente conquistou o título de capital regional. O atual prefeito [Milton Carlos de Mello ‘Tupã’ – PTB] está caminhando otimamente bem. Digo isso porque Prudente sempre foi vítima de prefeitos, existiram bons, só que também outros ruins”, encerrou. (Foto: Olímpio Moura)
Fonte: SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO