Há15 anos a Educadora Social e Pedagoga Viviane Cristina Rodrigues Fontolan trabalha com crianças e adolescentes que vivenciaram algum tipo de violência. Atualmente, ela atende por meio do CREAS CRIAD - Centro de Referência em Assistência Social, mas o início do seu trabalho foi em um programa pioneiro, o Programa Sentinela, que atendia crianças vítimas de violência sexual.

Ao longo de sua experiência, Viviane contou com alguns materiais de apoio para tratar desta questão tão delicada, tanto com as crianças como com suas famílias. No entanto, no decorrer deste ano, através de uma iniciativa do CREAS, iniciou um trabalho de Prevenção às diversas formas de violência como a física, psicológica, negligência e violência sexual e relatou que a principal dificuldade foi encontrar um material lúdico que auxiliasse as crianças e suas famílias a perceberem os danos e as consequências que os castigos físicos podem trazer para o desenvolvimento da criança, já que há um grande número de famílias que justificam a utilização de castigos corporais com frases como “só um tapinha não faz mal” ou “eu apanhei e sobrevivi”.

Segundo ela, a violência na educação chegou à cultura brasileira por meio dos jesuítas, que utilizavam o castigo corporal como forma de educação. “Infelizmente esta questão é presente até hoje nas famílias que utilizam tapas, beliscões, chineladas, muitas vezes não com a intenção de machucar, mas como forma de educar, pois, acreditam que com isso estão fazendo o melhor para a criança. O mais curioso é que a sociedade tende a se comover quando sabe do relato de uma mulher ou animal que é vítima de violência, no entanto, muitas vezes justificam a violência infantil como forma de educação. Qualquer tipo de violência deve ser banida da sociedade”, afirma.

E foi a dificuldade de obter um material que abordasse de forma direta e ao mesmo tempo sutil, a questão da violência física, que motivou a pedagoga a escrever e produzir o que poderá, a partir de agora, fazer parte de material pedagógico de apoio para o enfrentamento da violência física contra crianças e adolescentes.

Assim nasceu a cartilha chamada de Dodói e Dodoína, que por meio de uma historia da Mamãe Tatu Bola e seus dois Filhinhos, retratam situações do cotidiano, em que a mamãe Tatu, resolve uma situação estressante com seus dois filhotes, o Dodói e a Dodoína.

“O tatu bola se enrola quando se sente ameaçado, é um movimento muito parecido com o que a criança faz quando é agredida. Por meio desta situação, quando a mamãe Tatu agride os filhotes que, apesar de se enrolarem continuam a sentir dor e ficam marcados com uma dor no coração, simbolizada por um “band-aid”, é que podemos abordar a questão de forma lúdica, mas muito direta”, afirmou Fontolan. Segundo ela, este tipo de violência, além de danos físicos também promove danos emocionais e fragiliza o vínculo entre a criança e seus responsáveis.

A cartilha ganhou ilustração de Bruno Rosal, que com traços e cores fortes deu vida aos personagens que acabam tendo um final feliz, ou seja, depois de uma conversa com os filhotes a Mamãe Tatú, que se convenceu que conversa resolve mais do que chineladas na hora de educar os filhos.

Segundo a secretária municipal de assistência social, Luiza Fabiana Sales Macedo, o material é inédito, e poderá ser utilizado e replicado por outras entidades e instituições que acolhem crianças vítimas de violência.

Foram impressos dois mil exemplares da cartilha .Outras informações sobre a cartilha podem ser obtidas por meio do telefone 18 3221-9399 ou 3221-9881.

Fonte: Secretaria Municipal de Comunicação