“Some rolinha, Anda andorinha,Te escondebem-te-vi,Voa bicudo,Voa sanhaço,Vai juriti, Bico calado, Muito cuidado,que o homem vem aí.O homem vem aí,O homem vem aí” . A composição “Passaredo” de Chico Buarque / Francis Hime alerta sobre esta “mania” dos homens de aprisionarem os pássaros e criar as aves em cativeiro. E é justamente para estimular o ato contrário, o de observar os pássaros livres na natureza e estimular a biodiversidade é que o Parque Ecológico da Cidade da Criança recebeu neste domingo (2/12) um grupo de estudantes, professores, e moradores da cidade que pela primeira vez participaram da atividade de “turismo de observação de aves (birdwatching)”.

O “Passarinhar Prudente” teve início bem cedo, por volta das 7h30 da manhã o grupo estava lá para registrar por meio de celulares, máquinas fotográficas a variedade de aves que existe neste fragmento de Mata Atlântica do Interior, situado no Parque.

Bem-te-vi rajado, rolinha fogo apagou, anú- branco, ferreirinho relógio, anambé, ciriema, peitica,canarinho, sanhaço, tico tico rei sangrio, entre tantos outros pássaros “se exibiram” para as lentes e o registro será uma forma de ajudar para que, no futuro, a próximas gerações destas aves continuem por lá.

”Observar aves faz a gente não parar de aprender, cada dia você vê uma ave diferente e ouve uma voz que você não conhecia”, resume a experiente bióloga Anelisa Ferreira de Almeida Magalhães, da Divisão de Fauna Silvestre da Prefeitura de São Paulo, sobre a experiência. Ela foi um das coordenadoras da atividade.

“Do Passarinhar “participou também o representante da ONG Save Brasil, Matheus Bernardo, de São Paulo, que também orientou os participantes sobre as espécies de pássaros identificadas durante a observação.

A finalidade do evento, que foi promovido conjuntamente pela Prefeitura de Presidente Prudente, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Turismo e pela Unoeste, Instituto Florestal de São Paulo e SAVE Brasil, é estimular esse tipo de atividade turística nas áreas urbanas do município de Presidente Prudente e colaborar com o monitoramento de aves da área, por meio da chamada “ciência cidadã” (ação que se reproduz em todo o mundo – quando cidadãos comuns atuam para recolher dados e contribuições à ciência).

A Prefeitura disponibilizou um ônibus que a partir das 6h30 já estava em frente à rampa para levar os interessados em participar da iniciativa gratuitamente até a Cidade da Criança.

As irmãs e estudantes do curso de Ciências Biológicas da Unoeste “madrugaram” para chegarem bem cedo e não perderem nem um minuto da atividade. Thais Alessandra Figueredo Barbosa , de 25 anos e Tatiane Caroline Figueredo Barbosa, disseram que como fazem o curso de biologia, aproveitaram a oportunidade para saber mais sobre os pássaros.

Na Cidade da Criança os professores Silvério Takao Hosomi e Luiz Walter de Oliveira, da Unoeste também foram monitores da turma. “Notamos que a cidade está recebendo muitas aves que estão saindo das matas e indo para o ambiente urbano. Um pesquisa que fizemos na Universidade constatou que o bairro Limoeiro tinha catalogado em 2012, ao todo, 142 espécies, no ano passado, em 2017, repetimos a pesquisa e constatamos 180 espécies. Daí a importância de alertar as pessoas para que não capturem os pássaros, não os deixem em gaiolas, pois se gostam deles nada melhor do que observar as aves soltas, procriando e livres, não em cativeiro, em uma gaiola”, alertou o professor Oliveira.

A pesquisadora científica Andreia Soares Pires, do Instituto Florestal da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, uma dos idealizadores do evento, disse que a proposta é para que as pessoas leigas passem a observar as aves e contribuam para estimular a diversidade. “As áreas urbanas estão ganhando diversidade de aves e todos nós podemos contribuir para isso, mas antes é preciso conhecer para dar valor”, afirmou.

O biólogo André Luiz da Silva, um passarinheiro e técnico de uma empresa que faz monitoramento e levantamento da fauna, a GGA Ambiental, disse que foi muito boa à iniciativa. “Precisamos conscientizar as pessoas sobre a necessidade de preservar a diversidade e só com este conhecimento é que todos podem agir melhor e evitar a captura e cativeiro das aves”, concluiu.

O evento contou com a participação do secretario municipal do meio ambiente Wilson Portela e do assessor da secretaria do meio ambiente, jornalista Itamar Cavalcante.

Fonte: Secretaria de Comunicação